“Chip da beleza” é tratamento clínico e não estético, alerta médico
Usado como via de reposição hormonal e anticoncepcional, os implantes hormonais possuem diversas outras indicações e podem ser utilizados no tratamento de várias doenças
Há alguns anos uma nova intervenção começou a ser aderida por influenciadoras: o chamado “chip da beleza”. Apesar do nome que o popularizou, o “chip” é na verdade um implante usado para tratamentos de reposição hormonal, como método anticoncepcional, ou no tratamento de doenças.
De acordo com o médico Dr. Lucas Costa Felicíssimo, a nomenclatura passa a ideia errada de como funcionaria o implante. “Não é um tratamento estético, mas clínico, que pode ser usado em mulheres que apresentam desconfortos durante o ciclo menstrual com TPM e sangramentos intensos, ou até mesmo no tratamento de miomas e endometriose”, explica.
Existem, basicamente, dois tipos de implantes disponíveis. O pellet, que é bioabsorvível e, portanto, subtraído pelo corpo, tendo duração de seis meses e o silástico, implante revestido por uma haste de silicone, no qual podem ser inseridos cinco diferentes tipos de hormônios — gestrinona, testosterona, estradiol, acetato de nomegestrol —, que vão sendo liberados de forma contínua e gradual durante 12 meses e o nestorone que dura 6 meses. Somente o silástico pode ser usado como método anticoncepcional.
Os dois hormônios usados para evitar a concepção, gestrinona e nestorone, são os responsáveis por parte da fama que os implantes carregam. Enquanto a gestrinona ajuda no ganho de massa magra e perda de gordura, o nestorone pode melhorar a flacidez e celulite sem aumentar a massa muscular. “Já no caso da testosterona e do estradiol bioidênticos, o uso é recomendado para mulheres após a menopausa, para repor hormônios que o corpo para de produzir”, explica o Dr. Lucas.
A inserção é rápida e indolor, sendo realizada por meio anestesia local na própria clínica. O implante hormonal é alocado nos glúteos, próximo a linha do biquini. “É uma interferência tão pequena que não há necessidade de pontos e a cicatriz fica praticamente imperceptível”, elucida o médico.
As principais vantagens em relação a outras vias de reposição hormonal são a praticidade, uma vez que a paciente não precisará tomar comprimidos, passar géis ou tomar injeções para repor os hormônios que precisa. Como são inseridos em uma via periférica, podemos utilizar doses pequenas, minimizando a intolerância e risco de efeitos colaterais.
Polêmicas e contraindicações
A colocação do implante é regulada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas deve ser colocado apenas por razões médicas e não estéticas, como já alertou o Conselho Federal de Medicina. “Não são todas as mulheres que podem colocar, como por exemplo, quem já teve ou tem histórico de câncer de mama ou no colo do útero assim como ocorrência de trombose”, alerta Dr. Lucas.
Há ainda divergências entre médicos sobre os efeitos do implante, enquanto alguns alertam sobre possíveis efeitos adversos como aumento da oleosidade da pele, há os que defendem que o problema não está no “chip”, apenas forma como alguns os utilizam. “Para a mulher que busca um tratamento com implante, é fundamental procurar um profissional habilitado e com experiência, para saber qual tipo e de hormônio e dose estão indicadas para o seu caso. Cada mulher tem uma necessidade individual. No implante, os hormônios são liberados de forma gradual, ou seja, a mulher ganha praticidade pois não há o risco de esquecer como ocorre nos anticoncepcionais em comprimidos. Além disso, ele pode ser retirado com facilidade a qualquer momento caso a paciente não se adeque ou não tenha os resultados esperados”, aponta o médico.
Na vontade de testar o método, o importante é procurar um médico de confiança e habilitado na técnica e estar ciente do objetivo e de como funciona o tratamento. “Os benefícios estéticos podem vir em mulheres que tem hábitos saudáveis, se exercitam e se alimentam bem, mas a busca pela beleza deve ser sempre como reflexo de um organismo saudável e equilibrado.”, recomenda Dr. Lucas Costa.
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