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VÍDEO e FOTOS: Tradicional família de Cajazeiras celebra encontro inédito de todos os seus membros

O intuito do encontro foi promover homenagens às personalidades da família que, ao longo dos anos, mantiveram o prestígio que o sobrenome carrega

Por Luis Fernando Mifô

04/07/2018 às 21h35

A família Soares realizou neste sábado (30), no sítio Riacho Fundo, zona rural de Cajazeiras, o primeiro encontro de todos os membros, que foi carregado de saudades e proporcionou a reunião de familiares que não se viam há muito tempo.

O intuito do encontro, segundo os organizadores, foi promover homenagens às personalidades da família que, ao longo dos anos, mantiveram o prestígio que o sobrenome carrega na educação dos filhos.

Dezenas de convidados se reuniram no Casarão dos Soares e muitos puderam reencontrar suas raízes enquanto que outros puderam conhecer pela primeira vez o local onde tudo começou.

A seguir, leia a crônica do professor Francelino Soares e logo abaixo veja a galeria de fotos:

Quem sai de Cajazeiras, em busca do litoral paraibano, rumando a caminho de Marizópolis e Divinópolis, olhando para o lado direito do motorista, logo na saída da cidade, há de observar uma placa que sempre me transporta ao mundo saudoso de minha infância. É um indicativo de “Entrada para o Riacho Fundo”.

Daí em diante, quem segue para Boqueirão (distrito de Engenheiro Ávidos) começa a sentir os ares de meu querido Riacho Fundo, berço da família S o a r e s, terra dos meus pais e lugar onde eu “curtia” as minhas férias escolares. Quantas saudades!

Poucas casas havia, localizadas, quase sempre, à beira da rodagem empoeirada, mas havia, muito mais, o contato com os familiares, desde o “padim Francelino”, ancestral da família, até os tios e tias, irmãos e primos com os quais desfrutávamos dos sadios divertimentos infantis, à sombra das cajaranas, mangueiras e cajueiros, que nos saciavam a sede de uma sadia convivência familiar.

Vejo, em mente, ao passar por essas recordações, a casa maior, nosso pouso no aconchego do olhar feliz do meu avô paterno. É que ele também, nos seus devaneios, olhando para aqueles campos ressecados, transpirava contentamento e satisfação ao ver a sua descendência, filhos ou netos, a rodeá-lo, buscando sua afeição e seu carinho!… Minha avó paterna, poucos dentre nós a conheceram. Deixou-nos muito cedo, sem que desfrutasse da convivência com os netos e – quem sabe! – não chegando a ver o crescimento dos filhos mais novos.

Ali mesmo, no Riacho Fundo, e, algumas vezes, no Boqueirão, iniciaram-se os arroubos adolescentes do meu pai e dos meus tios, que se iniciavam no mundo afetivo dos namoros. Creio que falo dos homens, porque as mulheres, ao que me parece, foram arranjar os seus parceiros em outras paragens citadinas.

Nesse momento em que a família S o a r e s se reúne, nesse sábado, dia 30 de junho de 2018, no meu inesquecível e inapagável Riacho Fundo, lamento que, compromissos anteriormente assumidos não me possibilitem estar presente, mas a falta é somente física, o que significa muito pouco, porque, espiritual e emocionalmente, estou a rever em cada um dos meus parentes a satisfação do reencontro…

A prole dos meus avós paternos era considerável, e é, sobretudo, a eles que quero homenageá-los, na representatividade dos seus filhos – meus primos –, já que, daqueles todos, já não nos resta mais nenhum na convivência deste mundo.

Não os conheci todos, mas posso tentar rememorar os que eu conheci ou os de que tenho notícias. Minhas homenagens vão, então, para o tio Antônio (Titonho), o mais idoso deles, que tinha mania por caminhão e que, já perto da “partida”, foi acometido de uma falta de visão crônica; tio João, que deixou este mundo muito cedo, mas legou-nos a esposa, Aninha, que era nossa tia/afim, cujo casal se está perpetuando na figura do primo Chico de Aninha, o decano dos primos, a quem admiro e a quem quero reverenciar como a um irmão; Mestre José (Zé) Soares, meu genitor, que, ao casar, deixou o Riacho Fundo em busca de Cajazeiras, mas que nunca deixou de retornar ao berço para visitar o pai; tio Manoel que, mesmo quando se mudou para a cidade, contemplado com o cargo eletivo de vereador, nunca deixou de morar em sua casa, na beira da estrada; tio Joaquim que, quando jovem, foi se aventurar pelo Rio de Janeiro, mas retornou ao Riacho Fundo, para nunca mais sair do lugar que lhe serviu de berço. Recordo-me de sua figura taciturna, olhando o mundo de sua janela; Tio Martim (era assim que chamávamos o tio Martiliano), que nunca deixou o “casarão”, mesmo após a morte de padim Francelino; tio Patico (Francisco) que faleceu aos vinte anos e que poucos dos sobrinhos o conheceram; tia Chiquinha, cujo parceiro, Manuel(Nezinho) Gonçalves, ela arranjou pras bandas de Nazarezinho; tia Raimunda, que buscou o seu marido, Jacinto, na família dos Ricarte, oriunda lá dos lados de Jatobá (São José de Piranhas); tia Milia (Maria de Lourdes), que, casando-se com o seresteiro boêmio, boa praça, Osvaldo Teberges, rumou para Campina Grande.

Era uma família unida!… Tanto que meu pai, ao mandar-me batizar, escolheu os meus padrinhos entre os irmãos, que eu nunca chamei de padrinhos, porque achava mais próximo chamá-los de tio Martim e tia Milia. Esta foi a última de todos a passar para o plano superior.

Mas que esse sábado seja de recordações alegres, deixando de lado a tristeza que a saudade nos transmite.

Felicidades incontidas a toda a família S o a r e s!

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