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"Beijo gay, só na minha casa", diz autor de novela

Aguinaldo Silva fala de sua próxima novela: Fina Estampa

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19/07/2011 às 11h07

"Beijo gay só na minha casa. As pessoas não querem ver esse tipo de cena. Dá ibope só no dia, depois perde audiência”, diz autor.

Aguinaldo Silva participou de um bate-papo com o ator e apresentador Christiano Cochrane, parte do projeto "Cenas de um ator", e contou algumas novidades sobre a nova trama, “Fina Estampa”, que vai ao ar em 15 de agosto. “Inspiração para novela não existe. O autor precisa escrever um capítulo por dia. Isso dá 35 páginas. Se for esperar inspiração, fico perdido”, garante ele, comentando que gosta de escrever sobre assuntos que interessam o público. “É muito delicado falar de alguns temas, muitos são intratáveis".

"Faço novela para o público que gosta de boas histórias. Evito certas questões. Pedofilia, por exemplo, é um assunto que merece ser discutido de forma mais profunda, não em uma novela. E beijo gay o público ainda não aceita. Um beijo assim, só na minha casa mesmo”, declara o autor.

Fã dos seriados americanos, Aguinaldo afirma que o Brasil ainda tem muito que aprender sobre o assunto. “Ainda estamos na época de Friends, e Will and Grace. Precisamos assistir mais, e imitar melhor. Um seriado não é apenas uma ação entre amigos. É muito mais sério”, conceitua. “Por mais talentoso que o escritor seja, falta experiência de vida para criar boas histórias. Sem uma boa vivência, a ideia se perde”, comenta, referindo-se aos autores novos. “Nada passa por mim sem causar efeito. Quando você escreve novelas, tem que estar sempre atento”.

Aguinaldo ressalta também a importância de ter personagens populares. Segundo ele, todos os personagens de “Fina Estampa” são trabalhadores esforçados. “É uma história altamente popular. Retrata o Brasil. Alguns personagens fogem dos seus valores, mas todos dão duro, acordam cedo, lutam para sobreviver”, fala. Ao comparar seus últimos trabalhos, ele diz que sua nova novela tem mais relação com “Senhora do Destino”, que é mais tradicional, diferente da ousada “Duas Caras”.

Para ele, inovação e originalidade também são temas raros hoje em dia. “Agora tenho três problemas que atrapalham a escrever novelas. A primeira é o porteiro eletrônico, que impede uma surpresa na casa dos personagens. A segunda é o celular, que também dificulta o tom de suspense da trama. E a terceira é ter que ser politicamente correto”, desabafa. Outra dificuldade é não poder falar mais nada, porque as pessoas se ofendem. “Existe uma hipocrisia que paira no mundo. Se você falar o que quer, as pessoas se incomodam. E você ainda pode ganhar um processo”.

Escritor de sucessos como "Tiêta", "Senhora do Destino", "Fera Ferida", e "Roque Santeiro", que será exibida no canal Viva, ele espera que “Fina Estampa”, seja mais um trabalho reconhecido e amado. “Não faço novela pra mim. Faço para o público. Espero que esse novo trabalho entre na casa de muitas pessoas”, torce Aguinaldo.

IG

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