Técnica do comer intuitivo é tentativa de descontruir ideia de dieta restritiva, afirma especialista
No imaginário popular a dieta é sempre relacionada à privação alimentar. Conceito que a técnica do comer intuitivo vem resinificar
Não é difícil encontrar pessoas que tenham uma relação custosa com a comida — seja por acreditar que deve se privar ou por usar a comida como uma forma de compensar problemas do cotidiano. É justamente para evitar e descontruir essas disfunções que muitas pessoas vêm optando pela técnica do comer intuitivo.
A abordagem busca ensinar as pessoas a ter autoconhecimento acerca das próprias vontades alimentares, sabendo identificar momentos de fome, saciedade ou mesmo quando a comida está sendo usada como válvula de escape para problemas emocionais. “A pessoa se entende primeiro, sem seguir um padrão de dieta, sem contar calorias ou mesmo ficar se pesando o tempo inteiro. Aqui há uma sintonia entre corpo e mente, entre saber comer e atender principalmente necessidades fisiológicas e não somente emocionais, porque tem aquilo da gente comer os sentimentos”, analisa a nutricionista Dani Borges.
Além de construir uma conexão mais saudável com a comida, a técnica do comer intuitivo traz ainda inúmeras outras consequências positivas. Uma pesquisa conduzida pela Academy of Nutrition and Dietetics constatou que pessoas que adotaram esse método passaram a apresentar melhoras de autoestima, imagem corporal e qualidade de vida.
Além disso, a nutricionista aponta que a ressignificação pode reduzir os riscos de transtornos alimentares, que surgem, em muitos casos, na forma desequilibrada pela qual a pessoa enxerga o alimento. “Não há taxação de comidas engordativas ou mesmo a ideia do comer porque merece, como uma recompensa ou uma válvula de escape. É um comer para se nutrir, para ter bem-estar e qualidade de vida”, elenca Dani Borges.
Os 10 princípios do comer intuitivo
Para desenvolver essa relação, há uma série de pontos que precisam ser analisados. Nessa nova forma de ver a comida, dez princípios regem a conexão entre mente, alimento e corpo:
1- Rejeitar a mentalidade de dieta: Não há padrão de dieta. Aqui a alimentação se dá de forma flexível e harmônica. Regras não se sustentam por muito tempo quando o assunto é comida.
2- Honre a fome: Seu corpo tem necessidades fisiológicas e é disso que se trata a fome. Por isso, é preciso aprender a reconhecer os sinais: queda de energia, dor de cabeça, entre outros. Além disso, os horários em que ocorrem também são importantes.
3-Fazer as pazes com a comida: Nada mais prejudicial para relação com a dieta do que ser obrigado a comer aquilo que não gosta e ser restrito do que gosta. Por isso, esse princípio trabalha na permissão incondicional para comer, considerando suas preferências.
4-Desafiar o policial alimentar: Há quem se alimente a espere de alguém para culpá-lo, como se houvesse sempre um policial fiscalizando se você está cumprindo as “regras” da dieta.
5-Sentir saciedade: Saber identificar os sinais que o corpo expressa quando está satisfeito, honrando não apenas fome, como o momento de parar de comer.
6-Descobrir o fator de satisfação: Quais alimentos, em termos de sabor, textura, aroma, aparência, temperatura e volume, te satisfazem? O objetivo aqui é descobrir.
7-Lidar com as emoções sem usar comida: Usar a comida como válvula de escape diz, muitas vezes, sobre a incapacidade de saber lidar com emoções. É preciso, portanto, aprender a se confortar sem envolver a comida.
8-Respeitar o seu corpo: O que seu corpo significa para você? Qual a imagem que você tem dele? Saber importância do seu corpo ajuda a construir uma relação de respeito, que faz com que você tenha mais honra em relação ao que colocará dentro dele.
9-Exercitar-se: O objetivo deve ser o bem-estar corporal. Além de uma atividade não negociável, uma prioridade.
10- Nutrição gentil: Escolhas devem ser feita para honrar seu corpo, sua saúde e seu paladar, não padrões estabelecidos.
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