Médico do Samu que matou o colega e depois se matou tinha a intenção de matar “há muito tempo”, disse o irmão
Jorel Bottene atirou quatro vezes em Deives de Oliveira e depois se matou.
O pai do médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que matou um colega e depois se matou dentro da unidade, confirmou que a arma do crime estava no nome dele, mas disse que não sabia que o filho havia usado a pistola naquele dia. O aposentado José Osiris Bottene ainda afirmou que tem o registro da arma há mais de 20 anos.
Na manhã do dia 24 de maio, o médico Jorel Bottene, de 52 anos, chegou armado à central do Samu onde trabalhava, e deu quatro tiros em Deives Dias de Oliveira, de 40 anos, que morreu na hora. Em seguida, Bottene atirou contra o próprio peito. Uma funcionaria que estava no local na hora do crime foi a primeira pessoa a prestar depoimento. Ela foi à delegacia acompanhada de outra servidora e de um advogado.
“Fiquei sabendo que ele havia matado o outro médico com a minha arma depois que as pessoas me falaram. Ai eu fui procurar a arma e vi que ela não estava mais lá”, disse o pai de Bottene. O aposentado contou que o médico chegou a ter reuniões com o secretário de Saúde, Pedro Mello, e com o prefeito Gabriel Ferrato (PSB) para falar sobre a conduta de Oliveira.
A Prefeitura de Piracicaba informou, em nota oficial, que Jorel Bottene nunca esteve em nenhuma reunião com o chefe do Executivo. Já o secretário de Saúde recebeu o médico três vezes no gabinete, sendo que a última foi em julho de 2015. “Em nenhum momento durante essas conversas foi feita qualquer alusão a perseguição”, diz o texto.
Na quarta-feira, a Polícia Civil descartou a hipótese de Bottene sofrer assédio moral do colega. Segundo o delegado Ruy Luiz Ramires, responsável pelo inquérito, não havia hierarquia entre os profissionais, que tinham cargos de coordenação. A mulher de Oliveira também foi intimada a depor, mas o advogado dela pediu para mudar a data do depoimento, já que ela ainda está abalada.
Versões
O irmão de Bottene afirmou, durante o sepultamento do familiar, que o homem tinha a intenção de matar o colega “há muito tempo”. De acordo com ele, o médico já havia comentado com a família que pensava em cometer o crime porque era assediado moralmente por Oliveira e estava com dificuldade de trabalhar por conta da perseguição.
Samu (Foto:Fabrice Desmonts/Câmara Piracicaba )
Josiris Bottene afirmou que o irmão era “humilhado há anos” por Oliveira, que era coordenador da Central de Vagas do Sistema Único de Saúde (SUS) de Piracicaba, e não sabia mais o que fazer para conseguir trabalhar. Além das discussões no trabalho, o homem também afirmou que o médico não estava mais conseguindo receber plantões no Samu por conta da desavença com o outro profissional e chegou a ter dificuldades financeiras por isso.
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Já Paola Oliveira, esposa de Oliveira, afirmou que o marido contou à ela que havia tido um desentendimento com o colega. Ela negou a afirmação da família de Bottene sobre o marido perseguir ou assediar o colega de trabalho.
“Na verdade, ele o protegia. Por diversas vezes, meu marido chegou a cobrir os plantões dele quando se ausentava porque não queria levar a reclamação para o secretário de Saúde”, contou. “Ele pensava na família dele”, disse. De acordo com a Polícia Civil, a principal hipótese do crime continua sendo um desentendimento profissional entre os dois.
G1
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